quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Do desejo

Como já falei da Hilda.. vou postar aqui 2 poemas... um do capítulo Do desejo e outro de Via espessa em homenagem ao meu blog!

Do desejo

    I
Porque há desejo em mim, é tudo cintilância.
Antes, o cotidiano era um pensar alturas
Buscando Aquele Outro decantado
Surdo à minha humana ladradura.
Visgo e suor, pois nunca se faziam.
Hoje, de carne e osso, laborioso, lascivo
Tomas-me o corpo. E que descanso me dás
Depois das lidas. Sonhei penhascos
Quando havia o jardim aqui ao lado.
Pensei subidas onde não havia rastros.
Extasiada, fodo contigo
Ao invés de ganir diante do Nada.

Via Espessa
II
Se te pertenço, separo-me de mim.
Perco meu passo nos caminhos de terra
E de Dionísio sigo a carne, a ebriedade.
Se te pertenço perco a luz e o nome
E a nitidez do olhar de todos os começos:
O que me parecia um desenho no eterno
Se te pertenço é um acorde ilusório no silêncio.
E por isso, por perder o mundo
Separo-me de mim. Pelo Absurdo

Um comentário:

  1. Dessa parte eu prefiro os versos:

    "Colada à tua boca a minha desordem.
    O meu vasto querer.
    O incompossível se fazendo ordem.
    Colada à tua boca, mas descomedida
    Árdua
    Construtor de ilusões examino-te sôfrega
    Como se fosses morrer colado à minha boca."

    Me perco com toda essa sonoridade e sensualidade!

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